Crítica | Em ritmo de fuga

    Ansel Ergort em Ritmo de fuga

    Ansel Ergort em Ritmo de fuga

    Edgar Wright prova que é possível fazer um musical de ação 

    Quem nunca fez aquela playlist pra embalar uma viagem? Ou pelo menos o enfadonho deslocamento diário até o trabalho? Esse é o ponto de partida de Em ritmo de fuga (Baby Driver), que tem como protagonista Baby (Ansel Elgort), um jovem motorista de assaltos a bancos esquematizados por Doc (Kevin Spacey) e que sempre têm uma gangue diferente envolvida.

    Apesar do envolvimento com o crime, o filme se apressa em mostrar que Baby não é um cara mau, ele só cometeu um erro quando era mais jovem e meio que está pagando sua dívida com o Doc. Beleza, podemos torcer por ele.

    Ansel Ergort em Ritmo de fuga

    Por causa de um acidente sofrido na infância, Baby sofre de um zumbido permanente nos ouvidos e ouvir música nos fones é o que alivia este ruído. Além disso, a relação de Baby com a música é muito interessante, ele tem o costume de gravar conversas do dia a dia e transformá-las em remixes. Preciso nem dizer que se ele tivesse criado um canal no Youtube e investisse na zuera nem precisaria mais trabalhar pro Doc, mas né? Aí não teríamos um filme de ação, apenas mais memes.

    O roteiro não é dos mais originais, a gente meio que já viu essa história antes. O protagonista que está em uma vida que não quer, tem sempre aquele último trabalho a ser feito (que a gente sabe que não vai ser o último), a namoradinha que faz com que ele queira uma vida melhor e uma cambada de gente “do mal” que vai testar os limites do nosso herói. Não há um desenvolvimento muito grande das personalidades dos personagens, mas para o que o filme se propõe não chega a ser um grande problema.

    Jamie Foxx, Jon Hamm, Eiza González e Ansel Elgort Em ritmo de fuga

    O elenco conta ainda com nomes de peso como Jamie Foxx e Jon Hamm, mas que parecem estar mais se divertindo do que se desafiando em tela. Um nome que podemos ficar de olho é em Lily James, que interpreta Debora, a garçonete namoradinha de Baby. Ela traz uma espécie de alívio para a tensão do filme e dá pra entender por que Baby se encanta tanto com ela (fora o fato de ela trabalhar na lanchonete que a mãe dele trabalhava, isso achei meio creepy). Ansel Ergort se manteve impassível, algo meio como Ryan Gosling em Drive, mas para o personagem fez sentido. Kevin Spacey interpretou Kevin Spacey. A gente já o viu fazendo este papel e não foram poucas vezes.

    Mas vamos fazer uma pausa para falar do que o diretor Edgar Wright fez aqui. Ele conseguiu transformar um monte de sequências de ação em um filme realmente envolvente e brilhantemente orquestrado pela trilha sonora e edição de som. Parece um videoclipe de quase duas horas, mas no bom sentido. Ele conseguiu fazer um filme musical sem ser musical. Lembra quando o Walt Disney quis transformar música em desenho com Fantasia, em que os tons das músicas davam o tom da animação? Em ritmo de fuga é quase isso, só que orquestrando arrancadas, tiros e até o limpador do parabrisa com a música.

    Lily James e Ansel Ergort Em ritmo de fuga

    É uma pena que o Oscar tenha tanta predileção por filmes de guerra em categorias de som. Já falei do magnífico trabalho feito em Dunkirk, mas a proposta de Em ritmo de fuga é muito mais original e revigorante. Fica a torcida para que seja lembrado.

    Em meio a tantos filmes de ação com muita explosão e pouco cérebro, Em ritmo de fuga consegue se sobressair com originalidade e uma edição invejável. E né? Somos todos um pouco Baby quando montamos AQUELA playlist pra sair dirigindo por aí.

    Nota:

    Imagens: © 2017 TriStar Pictures, Inc. and MRC II Distribution Company L.P.

    Trailer de Em ritmo de fuga


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