Deprê das boas – Melancolia

    Tô deprê...

    Eu sei que o créme de la créme dos meus textos é xingar filmes, atores, diretores e por aí vai. Eu geralmente tenho a impressão de que o filme tem a obrigação de ser bom, por isso não fico jogando muito arroz nos bons. No entanto, estou há duas horas pensando no que assisti hoje à tarde. Melancolia de Lars Von Trier não é um filme pra se ficar indiferente e é por isso que eu decidi dar umas divagadas sobre a película.

     

    Filme apocalíptico não é novidade pra ninguém, né? A gente já passou por isso com Independence Day, Armageddon, Eu sou a Lenda e, bem recentemente, 2012. O que geralmente acontece nesses casos: uma catástrofe vai se assolar sobre a Terra e a gente passa boas duas horas vendo o desespero da população, as tentativas do governo dos Estados Unidos em evitar a tragédia e algum herói salvando o dia no final. Bom, Melancolia passa bem longe de ser um filme de heróis. Bem pelo contrário: estamos o tempo inteiro diante das fraquezas dos personagens, julgando-os e nos irritamos com eles também. Mas, diante dos acontecimentos, é o filme que mais se aproxima do que provavelmente faríamos diante do fim do mundo.

     

    Ele dividido em três momentos. A introdução é uma sequência de imagens com uma estética magnífica e trilha sonora perturbadora (Richard Wagner também não passa batido). Depois conhecemos Justine, a noiva depressiva, bipolar e irritante que avacalha com a própria festa de casamento. Por fim, conhecemos melhor Claire, irmã de Justine, e sua perturbação diante do possível fim do mundo. A escolha da trilha e a divisão dos momentos do filme me lembraram fragmentos da obra de Stanley Kubrick. Calma, não estou comparando os diretores, mas deu saudade de gente que ousa um pouco mais na hora de compor um filme.

     

    Quem conhece alguma coisa de Lars von Trier não consegue ficar sem opinião. É um filme para amar ou odiar… ou até os dois ao mesmo tempo. Pra quem não entendeu muito bem, vou simplificar: é que o Lars cansa a nossa beleza o filme inteiro, mas no final ele não nos decepciona. Deu pra entender? Sabe aqueles filmes que são razoáveis e o final avacalha com tudo (vide post anterior)? Então, Melancolia é quase o contrário disso. O filme é cansativo, mas o final é tão envolvente, bonito e emocionante que compensa toda a espera. Uma aula de como se faz um clímax decente. Numa época com roteiros tão fracos, acho que todo mundo deveria dar uma chance pra um pouco de arte.

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