50 tons de dinheiro, tédio e alguma sacanagem



    50 tons de cinza

    Demorou, mas saiu! Em mais uma promoção exclusiva do Departamento de Inutilidade Pública e Irresponsabilidade Social do Zinema, aqui está o resumão que vai te livrar de ir ao cinema pra assistir 50 Tons de Cinza e ainda por cima vai te capacitar pra entrar cheio de opinião em alguma roda que debata o filme (sim, porque o livro demandaria muito mais tempo e boa vontade da minha parte e vocês não tão com essa bola toda). Mas então, vamos lá!

    50 tons de cinza

    Tudo começa quando a nossa protagonista virjona Anastasia Steele (Dakota Johnson) faz um favor pra roommate estudante de jornalismo (estamos de olho) e entrevista Christian Grey (Jamie Dornan), um empresário podre de rico, jovem, solteiro, bonito, bem vestido e imaginário (porque né?). Rola uma tensãozinha entre eles e tals, mas no começo não passa muito disso. A tensãozinha da parte dela a gente super entende (se não entendeu, favor reler a descrição do personagem), mas a dele vai virar um dos grandes mistérios da humanidade.


    Eles acabam se encontrando profissionalmente, casualmente e bebadamente nos dias seguintes e, depois de muita lenga-lenga, acabam concordando com uma espécie de relacionamento. O primeiro encontro deles é bem normal, o Grey a busca de helicóptero e eles vão pra casa dele. Quem nunca, né? Só que desde o começo ele deixa claro que tem condições, “gostos peculiares” (adorei o meme disso!) e que ela vai ter que dançar conforme a música dele.

    50 tons de cinza

    #partiu rolezin’ c/o boy

    Nesse meio tempo a gente descobre o tal do quarto vermelho onde rolam os S&M, mas a revelação mais chocante viria da Virjona: sim, virjona não é só um apelido que eu inventei. Ela tava terminando a faculdade, bebia e nunca tinha transado com ninguém. I mean… seriously? Enfim, ele que não é bobo dá logo um jeito nisso também do modo mais queridinho e namoradinho que ele consegue. Nesse meio tempo ela ainda ganha um Macbook novo e um carro de formatura. E vocês aí xingando quando o namo não manda flores…

    Só que, pra que eles realmente tivessem um namoro, ela precisaria assinar um contrato concordando formalmente em fazer tudo o que ele quer. Desde beber menos álcool a aceitar determinados acessórios no tal do quartinho vermelho. Muita gente achou essa parte ainda mais esquisita que o quarto vermelho em si. Eu achei a coisa mais inteligente da história. Sério, pensa quanta discussão a gente evitaria se estivesse tudo no papel? Imagina que massa acionar o advogado porque a namorada se recusou a usar algemas, mesmo depois de ter concordado por escrito. Apenas sensacional.

    50 tons

    Só que tem uma coisa que ainda incomoda a nossa Virjona. E nem é o quarto vermelho da dor/prazer/zuera. É o quarto branco pra onde ela tem que ir depois da diversão e dormir sozinha. Não, ela não apanha mais lá. Ela só tem que dormir… sozinha! É sério, ela pira porque o cara não vai querer dormir de conchinha com ela depois. Porque ele é distante. Porque ela não pode tocar nas cicatrizes dele. Sim, o cara tomar conta da vida dela: beleza, todas topa! Mas não dormir de conchinha é o verdadeiro absurdo dessa relação. Gente, todas nós já passamos por caras emocionalmente indisponíveis e eles nem nos faziam o favor de tentar explicar (ou de dar um carro novo, ou um quarto só pra gente e tals…). A Carrie do Sex and the City, por exemplo, terminou pela primeira vez com o Mr. Big porque ele não a apresentou pra mãe dele como namorada. Até isso o coitado (ok, coitado não é bem o termo pra um cara com a grana dele) do Grey fez: apresentou pra família inteira. Mas o problema é não dormir de conchinha…

    50 tons de cinza

    Encontre o problema

    No fim das contas, a Virjona “deixa” que ele descarregue sei lá que monstro que ele acha que tem dentro dele em uma sessão de tapas e ela fica profundamente humilhada e ultrajada com aquilo tudo, mesmo tendo concordado com isso. Não sei se no livro a coisa é mais pesada nessa parte, mas no filme ficou parecendo besteira. Enfim, ela vai embora, o filme acaba e já é uma das maiores bilhererias de estreia do cinema. E o pior de tudo: tem mais dois pela frente…

    O que eu achei disso tudo

    Pra ser bem justa, a única coisa ruim do filme é a história do livro, que é, no mínimo, entediante. As atuações dos protagonistas também não são aquilo tudo, mas fica difícil separar o que é má atuação do que é apenas má caracterização de personagem. Convenhamos, é bem difícil sentir empatia por qualquer um dos dois. Eles são muito caricatos e fora de qualquer realidade. No fim das contas, o Christian Grey não passa de um Mr. Big for dummies, já que o tempo inteiro ele precisa reforçar o quão emocionalmente indisponível ele é. Ficou chato. Dá pra fazer isso sem escrever na testa. Da Virjona eu nem preciso falar mais nada, né? O texto é autoexplicativo.

    50 tons de cinza

    Fora isso, a edição do filme é bem feita, principalmente nas cenas de sexo. É aquela coisa “mostra sem mostrar” com um pouco mais de ousadia. Como se trata de um filme voltado ao público feminino, é óbvio que não iria rolar um pornozão aí. Mas ao mesmo tempo as insinuações não são tão amadoras quanto na maioria dos filmes comerciais. Ficou sob medida pra proposta do filme.

    Enfim, pra quem queria mais sacanagem eu ainda recomendo Shame, do Steve McQueen (com full frontal do Michael Fassbender) e pra quem queria romance safadinho eu ainda recomendo todas as temporadas de Sex and the City. E pra quem queria falar de 50 tons sem assistir, de nada. 🙂

     

    50 tons de cinza oscar 2016

    Leia também: Resumão de Crepúsculo

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