Críticas

Deadpool 2 | Mantém o humor do primeiro mas perde em originalidade

 

Recentemente eu comentei que quando se têm um marketing tão certeiro como o de Deadpool 2, o filme só precisa ser minimamente bom pra dar certo. E é exatamente isso o que o filme faz: o mínimo para ser aceitável e bom entretenimento.

É claro, faz parte da maldição das sequências: com a obrigação de ser mais grandioso e mais engraçado do que o primeiro filme, Deadpool 2 tenta entregar um pouco mais de significado ao seu protagonista e algum tipo de redenção. O problema é que não é isso o que a gente espera ver em um filme do Deadpool.

Vamos à história: após os eventos do primeiro filme, Deadpool (Ryan Reynolds) se torna um mercenário em plena atividade, o que acaba lhe rendendo muitos inimigos. Mas quando ele perde o amor de sua vida, Ness (Morena Baccarin), a vida perde o sentido e ele tenta se matar… o que pode ser meio complicado quando você é imortal.

Com a ajuda de seu amigo mutante Colossus (Stefan Kapicic), ele vira estagiário dos X-Men e tenta salvar um mutante adolescente de 14, Russell (Julian Dennison). Só que a coisa não dá muito certo, ele e o guri vão parar na cadeia de mutantes, onde Deadpool descobre que um mutante do futuro chamado Cable (Josh Brolin) pretende matar o guri para evitar que ele mate sua mulher e filha no futuro. Se você achou isso uma mistura de O Justiceiro com Exterminador do Futuro você não está sozinho nessa.

 


 

Se você achou a história meio bagunçada, estamos falando só da primeira metade do filme, que é realmente a mais complicada. Depois que Deadpool recruta a galera pra formar a X-Force e meio que encontra o seu propósito a coisa flui melhor, principalmente nas cenas de ação “cheias de CGI”, como o próprio protagonista cita.

O senso de humor que fez tanto sucesso no primeiro filme está lá e em alguns momentos ele funciona bem. Pra variar há muitas referências à cultura pop e algumas alfinetadas aos filmes de super-heróis. Tem pra todo mundo: Wolverine, DC e Marvel. Se você captar todas as referências a risada é garantida, principalmente nas cenas pós-créditos em que o fan service fica ainda mais escancarado.

O que atrapalha um pouco Deadpool 2 é justamente o peso da sequência. O primeiro filme foi sensacional porque transgrediu o gênero de super-heróis e conseguiu ir um pouco além da paródia: fazendo piada com os coleguinhas, mas ainda conseguindo ser original. Mas tudo isso nós já vimos no primeiro filme. Ao tentar repetir a fórmula, a continuação mais parece uma paródia de si própria. Some isso a um roteiro que parece sofrer de crise de identidade com toda essa necessidade de construir um arco de redenção para o protagonista. Ah! E fazer piada com o fato do roteiro ser fraco não ajuda muito também.

Novamente, Ryan Reynolds é o rei do show (o que é irônico, porque O Rei do Show é o Hugh Jackman, que fez o Wolverine…). Mas justamente por roubar a cena, ele acaba prejudicando o desenvolvimento dos novos personagens, com quem o público demora pra criar empatia. Quem está melhor aqui é Zazie Beetz no papel de Domino. Josh Brolin teria muito a oferecer como Cable, mas o roteiro não ajudou muito e ele só parece um primo do Exterminador do Futuro mesmo. O gurizinho Russell só me irritou. O restante do elenco está ok, ninguém consegue se destacar muito.

Aliás, ao final do filme percebi que boa parte do humor acontece por causa da equipe de edição, com sequências de slow motion e a inserção da bizarra trilha sonora em momentos especiais. Isso só reforça a fragilidade do roteiro, que apostou em menos piadas do que o primeiro, sendo que nem todas elas funcionam tão bem e algumas se repetem. Ficou devendo neste quesito.

De qualquer forma, ainda é uma boa fonte de entretenimento e de humor politicamente incorreto. A marca do Deadpool está tão forte e bem estabelecida que a fórmula do primeiro ainda funciona e um roteiro ligeiramente mais fraco não abala isso. Resta torcer pra que, assim como o amiguinho Logan, o terceiro filme consiga surpreender a todos.

Nota:

 

Trailer de Deadpool 2

Imagens: © TM & © 2018 Twentieth Century Fox Film Corporation