Há um subgênero de cinema que encontra nos exageros dos filmes de terror uma forma de fazer comédia. É essa a aspiração de A Babá, mais um original Netflix. Geralmente voltado ao entretenimento e não às grandes premiações, este gênero possui títulos bem cativantes, como Arraste-me para o inferno, Zumbilândia e Todo mundo quase morto. Mas A Babá não entra para este rol.
A premissa é bem clichê, mas esse não é o principal problema aqui: Cole (Judah Lewis) é um menino de 12 anos (vamos chama-lo de mini-Zac Efron), que, por algum motivo, ainda tem uma babá, Bee (Samara Weaving), que vamos chamar de pseudo-Margot Robbie. Durante uma noite em que seus pais saíram de casa, ele descobre que sua babá chamou a galerinha pra jogar verdade ou consequência e depois matar o Napoleon Dynamite do grupo pra um ritual satânico, que, pra surpresa de ninguém, também precisaria do sangue do mini-Zac Efron.
O grupinho reúne mais alguns clichês de todo slasher movie adolescente: o popular jogador de futebol americano, a cheerleader perua, a asiática esquisita e o amigo negro apavorado que, como aprendemos em todo filme de terror adolescente, é o primeiro a morrer (fora o Napoleon Dynamite que foi sacrificado, claro).
Como o mini-Zac Efron descobriu o ritual da galerinha de Malhação from hell, ele também precisaria morrer. Daí, para garantir a sua sobrevivência, ele tem que se livrar de cada um dos xóvens em mortes bem bizarras, quase que plagiando Esqueceram de mim. E pro final, é claro, ele precisa enfrentar o chefão de tudo: a pseudo-Margot Robbie. Tudo isso poderia ser muito legal, se fosse bem executado.
Beleza que A Babá não tem um plot super elaborado e nem um elenco estrelado (Millenials, me expliquem por que Bella Thorne é relevante!), ninguém esperava isso mesmo assim. Mas quando a gente se dispõe a ver este tipo de filme a gente espera pelo menos uma destas duas coisas: passar medo ou rir. Nenhum dos dois é possível neste filme. As piadas são fracas (e olha que buscaram referências de Mad Men) e a parte slasher mesmo é beeeem medíocre. Tem aqueles absurdos de jorrar sangue e tals, mas não é algo que te faz desviar o olhar da tela (talvez uma ou outra cena com seringas). Provavelmente fizeram isso pra baixar a classificação indicativa do filme, já que é o tipo de produção que atinge o público pré-adolescente.
A direção é do McG, que já fez coisas como As Panteras, o que faz bastante sentido. Aliás, esse cara podia ter continuado fazendo videoclipes, já que foi ele que dirigiu os ótimos Pretty Fly (For a white guy) e Why don’t you get a job, do Offspring. Curiosidade: pra quem lembra do tom coloridão destes clipes, vai fazer bastante sentido ver a ambientação absurdamente cenográfica da casa do mini-Zac Efron. Pra mim não funcionou, parecia ter saído de algum sitcom ruim dos anos 1980. Da mesma forma, os letreiros que pipocavam na tela, o que lembrou bastante algo feito em Zumbilândia.
Pra um filme de 1h30, parecia não acabar nunca, já que a história não tinha muito a dizer mesmo. Era só esperar pelas mortes bizarras e a sobrevivência do nosso “herói”. Quem acha que vai ver um filme de terror provavelmente vai se decepcionar e quem sabe que vai ver uma comédia, ainda corre o risco de não rir (humor é muito subjetivo, então eu não vou julgar ninguém que goste das piadas do filme). Desta vez, a única coisa que assustou foi a péssima qualidade da produção mesmo.
Nota:
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