Críticas

O Leitor | Fidelidade ao livro e amor à literatura

 

Quantas vezes você se interessou em ler um livro por causa do filme? Foi o que aconteceu comigo com O Leitor, filme lançado em 2008 e famoso por ter entregue o Oscar de Melhor Atriz a Kate Winslet, finalmente. O original foi escrito por Bernhardt Schlink, professor de Direito e Filosofia da Universidade de Humboldt, na Alemanha.

Em uma Alemanha pós 2ª Guerra Mundial, o jovem Michael Berg (David Kross) se envolve com uma misteriosa mulher 21 anos mais velha do que ele, chamada Hanna (Kate Winslet). É um momento de descobertas para ele e um passatempo prazeroso para ela, que gosta que ele leia obras clássicas da literatura para ela.

Mas este é só o início. Ao fim da primeira parte Hanna desaparece sem explicação alguma, fazendo com que a fase de descobertas de Michael também envolva a primeira decepção amorosa.

Anos depois, quando Michael está na faculdade de Direito, um professor o leva, junto com os colegas, para acompanhar um julgamento sobre um episódio da Guerra: guardas mulheres da SS que, durante um incêndio em uma igreja, não deixaram as prisioneiras lá de dentro saírem. Entre as rés, Michael reconhece Hanna e passa a descobrir um pouco mais sobre os seus mistérios. Ironicamente, o professor em questão é interpretado por Bruno Ganz, que conhecemos pela brilhante interpretação de Hitler em A Queda.

 

 

Na última parte já temos um Michael adulto (Ralph Fiennes), que é também o narrador da história, e ainda mantendo contato com Hanna. Há outras coisas em jogo, mas caso alguém não tenha assistido seria um spoiler bem safado e não quero tirar isso de vocês. Aliás, se você é uma das pessoas que ainda não viu, corre que tem na Netflix.

Em termos de adaptação, é uma das melhores que eu vi no cinema. Lembro de ter lido o livro apenas alguns meses depois de ter assistido o filme e a fidelidade do roteiro com o livro surpreende. Há mudanças de linguagem, é claro. Como estamos falando de um narrador personagem o livro tem a vantagem da introspecção e da interpretação de acordo com o ponto de vista de Michael, enquanto o filme se apoia muito mais nos acontecimentos em si e não somente na interpretação do narrador.

O que ver primeiro?

Como há um segredo a ser revelado na história, o livro teria sido bem mais intrigante se eu não soubesse do desfecho através do filme, então vou sugerir que a leitura seja feita antes. A vantagem é que a leitura é bem rápida, o livro tem menos de 250 páginas. Como na obra há muitas referências a nomes alemães alguns trechos podem até parecer mais complicados. O segredo é não perder de vista o que Michael está contando: uma história de amor, desejo, julgamentos morais e vergonha, inserida em um dos contextos históricos mais significativos para a Alemanha.

 

Qual é o melhor?

Por ser uma adaptação tão meticulosamente fiel, eu colocaria os dois em pé de igualdade. O livro tem a vantagem de se envolver mais na história do personagem, mas a produção dirigida por Stephen Daldry não foi indicada a cinco Oscars por acaso.

Nota:

Trailer de O Leitor

Imagens: © 2008 The Weinstein Company / Zinema