Críticas

O retorno de Mary Poppins | Não tem a magia do original, mas ainda encanta

 

Os fãs do filme original terão motivos de sobra para se sentirem nostálgicos com O retorno de Mary Poppins, mesmo com a consciência de que a continuação não terá o mesmo encanto da primeira vez em que vimos Julie Andrews voando com o guarda-chuva.

Desta vez, Mary Poppins (Emily Blunt) retorna à Rua das Cerejeiras para ajudar as crianças Banks, agora, os três filhos de Michael (Ben Wishaw). Mas agora, em vez de apenas serem crianças traquinas e que recebem pouca atenção dos pais, elas passam por algo muito mais pesado: a morte da mãe há alguns meses e o risco de perderem a casa para o banco. Além disso tudo, o filme é ambientado na Grande Depressão. Logo de cara percebe-se que elas adotam uma postura muito mais adulta do que a idade exige.

Cabe a Mary Poppins resgatar a diversão da infância tanto para filhos como para o pai e até para a tia deles, Jane (Emily Mortimer). Ajudada por Jack (Lin-Manuel Miranda), o cara que acende as luzes dos postes, ela proporciona aqueles momentos mágicos tão conhecidos pelos fãs do clássico.

O diretor Rob Marshall faz um trabalho espetacular justamente no que diz respeito a provocar a nostalgia no público. Os números musicais lembram bastante os de Mary Poppins, ajudados por uma direção de arte que dosa bem fantasia e mundo real, contrastando o colorido dos desenhos com tons mais sóbrios nos momentos mais pesados da narrativa.

 


 

O roteiro é tão nostálgico que beira o plágio, com uma estrutura narrativa praticamente idêntica ao original, com as diferenças de que a arrumação é substituída por banho, o quadro por porcelana e a confusão no banco é um pouco diferente. Ah, a pipa que o pai monta no primeiro filme reaparece com um papel bem importante aqui.

O meu principal porém com o filme é o segmento que conta com a participação de Meryl Streep. Parece que pontas da Meryl estão na moda este ano, só que diferentemente de Mamma Mia 2, aqui ele não faz o menor sentido. Há uma pequena lição ali que poderia ter sido inserida de outra forma na história, evitando um número sem muito sentido que parece só justificar a participação de Meryl que ninguém havia pedido.

De forma geral o filme ganha muitos pontos pela direção de arte e até mesmo pela trilha sonora, embora não tenha nenhuma canção original tão marcante como o original ou capaz de roubar algum prêmio de Nasce uma estrela. A maioria das atuações está operante, sem muitos destaques. Deve aparecer em algumas categorias técnicas no Oscar e levar uma ou outra estatueta, nada muito além disso.

 

Precisa assistir o original para ver O retorno de Mary Poppins?

Se você não sabe absolutamente nada sobre o primeiro filme recomendo fortemente assisti-lo. Há uma infinidade de referências e homenagens ao original que serão melhor aproveitadas por quem já viu (e gosta) do original. Os meus exemplos preferidos são o vizinho almirante que sempre dispara um canhão em horas cheias e a participação de Dick Van Dyke repetindo a coreografia do clássico.

Lembro que, assim como o original, O retorno de Mary Poppins é um musical, então se você se irrita com pessoas cantando e dançando em meio à narrativa, nem adianta ir ao cinema. Já os fãs do gênero poderão se encantar com as atuações de Emily Blunt e Lin-Manuel Miranda, que mandam muito bem no gogó.

 

Por que Julie Andrews não está em O retorno de Mary Poppins?

Se por um lado muita gente ficou feliz em rever Dick Van Dyke no filme, a ausência de Julie Andrews, a Mary Poppins original, gerou algumas especulações. Mas podem ficar tranquilos que ela própria esclareceu o assunto. Andrews disse que ficou muito feliz quando soube do novo filme e, principalmente, com a escalação de Emily Blunt para o papel principal.

O motivo de ela não querer participar do filme é justamente em respeito à jovem atriz. Para Julie Andrews, este é o momento de Blunt e ela não queria roubar os holofotes ou gerar comparações “com a outra Mary Poppins”. Definitivamente ninguém rouba os holofotes de Emily Blunt aqui, mas as comparações são inevitáveis.

Nota:

Imagens: Jay Maidment – © 2018 Disney Enterprises