Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra

O filme que contraria todas as lógicas

Sabe aquela história de que reboots são tentativas desesperadas de fazer dinheiro e nunca resultam em algo bom? E aquela mania de transformar qualquer filme em trilogia ou em saga que acabam maculando a imagem de um bom primeiro filme? Então, nenhuma dessas regras se aplica a Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes).

Pra começo de conversa, se você não se lembra bem dos filmes anteriores desta trilogia, pode ir assistir sem medo. Os caracteres iniciais contam mais ou menos o que aconteceu pra gente saber a que ponto chegamos. Se você não viu o filme original, lá de 1968, também não tem problema, mas você irá perder muitas, eu disse MUITAS, referências.

Neste filme, Caesar (Andy Surkis) se vê em meio à guerra deflagrada no segundo filme e, após uma tragédia particular, ele se vê em busca de vingança e de conflitos internos referentes ao que é certo e errado. Pra quem se lembra dos filmes anteriores, a postura de Caesar sempre foi mais pacífica, enquanto a de Koba, um outro chimpanzé que iniciou a revolução com ele, tinha métodos mais violentos. Mais ou menos um lance Professor Xavier e Magneto, sacam? Então, com a morte de Koba no segundo filme, Caesar se coloca à prova para acabar ou não como o seu antigo parceiro.

O antagonista malvadão desta vez é o tal do “Coronel”, assim, sem nome. Interpretado brilhantemente por Woody Harrelson, ele consegue ser a personificação do mal, com métodos violentos e fala suave. Os métodos dele pra cima dos macacos dão o salto de revolta necessário entre a comunidade de macacos dos dois primeiros filmes para o original. Dá pra entender porque os macacos acabaram tratando os humanos tão mal dali pra frente.


Aliás, a caracterização dos personagens é fantástica e não estou falando só do CGI. Nós conseguimos enxergar uma história e nos emocionar com cada um deles. Caesar, Maurice, Bad Ape… aliás, precisamos falar do Bad Ape (Steve Zahn). Melhor personagem, melhor alívio cômico em um filme que nem precisaria disso, mas conseguiu quebrar o climão em vários momentos (sim, eu não tinha como escrever um texto sem comemorar esse personagem, segue).

Quem foi ao cinema achando que ia ser um filme de incessantes batalhas pode se frustrar. O filme foca muito mais na jornada de Caesar do que em batalhas explosivas. Sim, esse momento mais explosivo existe, mas em uma dose bem menor do que no filme anterior, por exemplo. Para o teor da franquia fez sentido, pois uma simples batalha deixaria um vão muito grande e muitas perguntas sem resposta sobre a conexão com os filmes da franquia original.

E por falar nos filmes originais, a gente sai do cinema com muita vontade de vê-los de novo! Tem muita referência fácil de manjar e outras nem tanto. Pra quem se lembra bem do filme de Charlton Heston vai identificar alguns cenários, situações e até mesmo personagens. Mas se engana quem acha que as referências se limitam a Planeta dos Macacos, tem um dedinho de Apocalypse Now ali e, se você achou um certo hotel no meio da neve muito familiar, pode confirmar que é bem aquele que você está pensando. Tem também algumas referências bem óbvias à Bíblia, mas essas são bem fáceis de encontrar.

Enfim, não dá pra dizer que é um filme que encerra a trilogia porque já estão ventilando pelo menos mais filmes, mas conseguiu amarrar muito bem a origem com a história que nós conhecemos. Se passar a régua por aqui, já dá pra considerar uma das melhores trilogias dos anos 2000 e uma baita quebra de paradigma de um reboot que consegue ser tão bom como o original.

Nota:

© TM & © 2017 Twentieth Century Fox Film Corporation

Trailer de Planeta dos Macacos: A Guerra

Leia também: Filmes de ação para ver na Netflix