Críticas

Poderia me perdoar? | O show de Melissa McCarthy no drama

Embora não seja um simples estudo de personagem, Poderia me perdoar? cativa o público com o controverso carisma de seus personagens, em especial da anti-heroína Lee Israel, interpretada por uma Melissa McCarthy que mostra versatilidade e domínio de papéis mais dramáticos.

Baseada em fatos, a história é sobre a escritora Lee Israel que, apesar de todo o seu talento, chega à casa dos 50 sem um emprego fixo e utiliza seu talento para forjar cartas de celebridades e vendê-las a colecionadores para pagar as contas. No caminho ela encontra uma quebra à solidão na sua amizade com o boêmio Jack Hock (Richard E. Grant), que a ajuda nos esquemas.

A linha central de Poderia me perdoar? não tem nada de muito surpreendente, até porque é uma história que já teve seu desfecho no mundo real. No entanto, o comprometimento de Melissa McCarthy e Richard E. Grant tornam tudo ainda mais interessando, levando o espectador a torcer para personagens carismáticos que fazem coisas detestáveis e, sinceramente, não iríamos querer no nosso círculo de amigos.

Mesmo sabendo da parada final, o roteiro do filme é instigante nos erros e acertos dos personagens, que são provavelmente os mais humanos e bem escritos desta temporada de Oscar. Não é difícil entender por que eles se encontram em situações são complicadas e solitárias, o que torna a parceria dos dois ainda mais convincente.

Lee é aquela profissional inegavelmente talentosa, mas sem habilidade social para que isso a leve a algum lugar. Talento não é suficiente para lhe garantir um bom emprego, mas nem por isso ela age com alguma humildade, preferindo ficar reclusa em seu apartamento insalubre com seu gato ou bebendo em bares independentemente da hora do dia. É assim que ela encontra Jack Hock, quase um “adultescente” que era muito badalado e cercado de “amigos” nas festas, mas cujos excessos também o levaram a uma vida solitária.

A história das cartas forjadas ajuda a dar ação e suspense a história, embora a amizade de Lee e Jack ainda seja o aspecto mais interessante do filme. McCarthy é a verdadeira estrela aqui, entrando para o rol de comediantes que não apenas surpreendem, mas entregam papéis melancólicos ainda mais ricos, como Jim Carrey, Robin Williams e até mesmo o Adam Sandler (se você duvida, leia este post). Tem uma cena específica em que ela transmite tanta dor que você acaba chorando com ela (principalmente se você tem gatos). É algo que há uns 20 anos só a Kathy Bates poderia ter entregue no cinema e isso é um baita elogio.

É uma pena que Poderia me perdoar? tenha sido tão ofuscado pelo brilhantismo dos atores que não tenha conseguido pleitear a categoria principal da noite ou até mesmo a de Melhor Direção para Marielle Heller (olha aí a chance de indicar uma diretora nesta categoria, hein Academia?). Certamente tem mais qualidade do que muito filme nesta disputa.

Nota de Poderia me Perdoar?:

Imagens: © 2017 – Fox Searchlight Pictures

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