O regresso do arrasa-quarteirão do Oscar


 

Pra começo de conversa eu prometo que esse não vai ser um texto sobre a campanha #OscarForLeo e toda a minha torcida pra que ele finalmente leve a estatueta. Mas né? Um parágrafo lá pra frente vais ser dedicado a ele sim <3

Vamos falar de algo muito maior. Aliás, um grandioso arrasa-quarteirão que deve abocanhar categorias principais e técnicas também neste domingo. O regresso já é um dos filmes com maior número de indicações ao Oscar, com um total de 12. Pra se ter uma ideia, os campeões de indicações são Titanic e A Malvada, ambos, com 14. Não vimos um filme receber tantas indicações desde O discurso do rei, em 2010, que acabou levando só quatro estatuetas pra casa.

Pode ser que dê uma zebra muito grande, mas O regresso merece levar em cada uma das indicações neste ano. Quem já assistiu pode até não ter gostado tanto da história (não é à toa que não está indicado pra roteiro), mas todo o resto é de uma competência impressionante. Na sequência inicial do ataque aos colonizadores a precisão da coreografia de todos os atores e figurantes em uma única tomada já mostra a que o filme veio. Ponto pra edição e direção somente aqui.
 


 

Outro fator que colabora para a grandiosidade do filme é a fotografia. Além da majestosa locação, que te deixa com ainda mais frio na sala de cinema, o Iñarritu decidiu que seria uma boa ideia gravar tudo em luz natural. É isso mesmo, ele está em um dos lugares mais gelados e mal iluminados do planeta e decide que luzes artificiais e rebatedores são frescura. Resultado: um clima muito mais angustiante para o espectador, que se sente mesmo parte da história.

Os movimentos de câmera também foram trabalhados para envolver o público: em algumas sequências você está tão perto do personagem que dá até vontade de dar um soco em alguns. Prova de que a gente não precisa de 3D pra isso.

Mas agora vamos falar de Di Caprio porque eu sei que você leu até aqui só pra isso. Vamos ser justos: já vi atuações melhores do Leo e ainda entregaria o Oscar pra ele pela interpretação de Jordan Belfort em O lobo de Wall Street. Mas nem por isso a atuação dele está ruim aqui. É um personagem que é pensado para Oscar, já que o filme se resume basicamente à resiliência dele em situações extremas de frio, isolamento e aquilo que a gente mais adora: sede por vingança! Esse tipo de personagem até lembra aquele interpretado por Adrien Brody em O Pianista (que também levou um Oscar). O ator não precisa fazer malabarismos, caras e bocas pra mostrar a essência do personagem. Nem todas as histórias exigem isso. Outros fatores que ainda colaboram pra vitória são a leve deformação que o Di Caprio precisou passar (não foi muito, mas Nicole Kidmann ganhou só um nariz feio em As horas, por exemplo) e a ausência de concorrentes melhores neste ano. Não me levem a mal, eu assisti todos os indicados desta categoria e não achei nenhuma atuação muito melhor.

Quem eu acho que tá sim com uma atuação melhor que a do Leo é o Tom Hardy. É aquele personagem que a gente ama odiar do início ao fim e que nos faz esquecer do ator por trás do vilão. Mais ou menos como o J. K. Simmons fez no ano passado e que também acabou em Oscar. A categoria de Ator Coadjuvante é provavelmente a mais embolada até aqui, mas a minha torcida vai toda pro Tom.

Resumindo, é aquele filme que eu provavelmente vou ter preguiça de rever por motivos de: frio, história meio parada e mais ou menos e três horas de duração, mas que eu sempre vou me lembrar com admiração e respeito. Pode ter exagero do Iñarritu, pode não ser o meu preferido entre os indicados, mas é um daqueles filmes que nos fazem recuperar a fé no cinema, mesmo no de Hollywood.

Nota:

Trailer de O Regresso

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