Os principais pecados de Sin City 2

Quem me conhece sabe o quanto os personagens e todo o universo que Frank Miller criou em Basin City me fascinam. Os quadrinhos já estavam entre os meus favoritos quando li pela primeira vez (põe uns 11 anos aí) e o primeiro filme apenas reforçou a minha paixão P&B com alguma cor de vez em quando. Não era apenas a melhor adaptação de quadrinhos que eu vi até hoje, era a soma de uma narrativa dinâmica, excelente direção e elenco impecável. Não é à toa que fui assistir no cinema três vezes.

Depois da primeira experiência, é óbvio que eu mal podia esperar para ver a continuação, que sempre anunciou como carro-chefe a história de A Dama Fatal. Desde lá muito se especulou sobre a protagonista (ventilaram nomes como o de Angelina Jolie e Salma Hayek, por exemplo) e sobre as histórias paralelas. Desde lá muito se esperou também, o que apenas serviu para aumentar a expectativa e carregá-la de certa dose de incredulidade.

Who cares? Naked chick on the screen!

Nove anos depois, a gente confirma aquilo que já sabíamos: esperamos demais e nem valeu tanto a pena assim. Nesse meio tempo muita coisa aconteceu: perdemos o Michael Clarke Duncan (Manute), a Brittany Murphy (Shellie – que não aparece nesse filme, mas faz falta), a Devon Aoki (Miho) engravidou e teve que ser substituída e o Clive Owen (Dwight) já tinha outros compromissos inconciliáveis com a sequência de Sin City.

Das ausências, a que mais me incomodou foi, sem dúvida, a do Clive Owen. Adoro o Josh Brolin, mas né? É difícil engolir a substituição de um personagem tão importante. Pensa: você aceitaria que substituíssem o Frodo na sequência de Senhor dos Anéis, sabendo que o ator ainda tá vivo? Eu ainda alimentava esperanças de uma pegadinha, achava que quando o Dwight voltasse com a cara nova ele viraria o Clive Owen, mas não. Tivemos que engolir o Brolin mesmo.

Dwight? Você mudou o cabelo… e todo o resto!

Sobre o filme em si, a adaptação de “Apenas outra noite de sábado” e da própria “Dama Fatal” ficaram impecáveis (mesmo eu tendo super ressalvas com a atuação da Eva Green no papel de Ava). Mas as duas histórias criadas especialmente para o filme me pareceram meio desnecessárias. “A última dança de Nancy” até que faz sentido: deu continuidade à história do “Assassino amarelo” e nos deixou matar as saudades das reboladas dela e de um pouco mais de porrada do Marv. Agora aquela “The long bad night”, com o Joseph Gordon-Levitt, foi do nada a lugar nenhum. Valeria mais a pena ter investido na HQ “De volta ao inferno”, mas talvez eles tenham deixado essa na geladeira para fechar uma possível trilogia. Ou talvez nem usem, já que a história se passa meio longe do universo que já conhecemos.

Sério que eu esperei nove anos pra isso?

De qualquer forma, o filme não é ruim. Os produtores merecem aplausos por reunirem a maior parte do elenco de volta, como Bruce Willis, Jessica Alba, Mickey Rourke, Rosario Dawson e Jaime King. O que mais afeta Sin City 2 é o fato de o primeiro ter sido genial e de termos esperado demais por uma continuação sem surpresas. Mas ainda vale a visita ao cinema.