Up

Animação à moda antiga

Não se deixe enganar pelos efeitos da animação computadorizada e todos os artefatos que a Pixar pode nos oferecer. Up – Altas aventuras é o melhor exemplo de que a animação que crescemos assistindo com as deliciosas e inocentes histórias ainda tem vez no século XXI. Uma historinha agradável, sem os duplos sentidos alá Madagascar e Shrek e, o melhor de tudo, com uma mensagem positiva pra essa gurizada que conhece o mouse antes de ter seu primeiro dente de leite. Bom pras crianças, melhor ainda pros adultos que sentiam falta dessa inocência que há tanto tempo nos foi tirada.

What the…?

O centro da história é o Sr. Carl Fredicksen (Edward Asner), um velhinho que se recusa a abandonar sua casa, mesmo em meio às tentadoras ofertas do mercado imobiliário. Vendo-se obrigado a ir pra um asilo, ele resolve pôr em prática o sonho que cultivava desde a infância com sua já falecida esposa Ellie: aventurar-se pela terra das cachoeiras, localizada na América do Sul. Como já vimos no cartaz e nos trailers, ele decide fazer isso amarrando milhares de balões com gás hélio a sua residência. Sem querer, leva consigo Russel, um jovem escoteiro de oito anos que precisa ajudar um idoso para conquistar sua última insígnia.

Spoilers

  • A beleza do filme já é perceptível nos primeiros minutos, ao contar a história de Carl e Ellie. Amigos desde a infância e com o mesmo objetivo de aventura, eles se casam, mudam-se [esquilo?] e reformam a casa abandonada que usavam como quartel-general. Mesmo sem poderem ter filhos, nutrem o companheirismo do início da amizade. Uma trajetória belíssima, sem diálogos, resumida no comecinho do filme.
  • A aventura de Carl e Russel transmite valores que há tempos não se via nas animações mais… hã… comerciais. Além de mostrar a decepção com os ídolos, dá um ótimo exemplo de companheirismo, mesmo apesar das diferenças. Para os mais velhos, a lição é de que [esquilo?], realmente, não vale a pena viver do passado. Além disso, mostra que nunca é tarde pra perseguir o que pareciam ser sonhos bestas de criança.
  • Caso alguém ainda tenha alguma dúvida: não, Up não foi inspirado na bizarrice do padre Aderli de Carli [esquilo?]. Aliás, a aventura só dá certo porque no mundo da fantasia podemos ignorar as leis da física e nos divertirmos sem culpa. Por isso, nada de passar o filme inteiro dizendo frases como: “Ah, até parece que isso é possível”. Não, não é! E é esse mesmo o propósito da aventura.

Para quem

Cresceu assistindo as inocentes e fantasiosas histórias da Disney e tem saudade desse tempo.

Passe longe

Chatos que não se desprendem da realidade e não conseguem voltar a sentir as emoções da infância.

Valeu?

Muito! Desde Happy Feet não assisti uma animação que valesse tanto o ingresso. E olha que de lá pra cá já vi muitas!