A perfeição calculada de O jogo da imitação

    Esperando o Wi Fi pegar...

    Guerra, conspiração, lógica, superação pessoal e uma história real que foi escondida por muito tempo são os ingredientes que resultaram no roteiro de O jogo da imitação, indicado a oito Oscars, incluindo o de Melhor Filme. Somem isso a um elenco impecável liderado pelo queridinho da galera Benedict Cumberbatch e temos um fortíssimo candidato neste ano.

    Resumindo um pouco a ópera, o filme retrata um episódio da II Guerra Mundial em que a inteligência britânica contrata o matemático Alan Turing (Cumberbatch) para fazer parte de um time que tinha o objetivo de “quebrar” uma máquina codificadora alemã. Fácil, né? Previsivelmente, Turning é inteligente demais pra se preocupar com habilidades sociais, mas, depois de muito bullying e ceticismo ele convence todo mundo de que a ideia dele de que apenas uma máquina poderia derrotar outra máquina não era tão absurda assim e conquista a simpatia dos colegas com a ajuda da sua amiga Joan Clarke, belissimamente interpretada por Keira Knightley.

    THE IMITATION GAME

    Até aí a coisa se parece muito com todos os outros filmes de guerras e/ou gênios que a gente vê por aí. Chega a lembrar Uma mente brilhante e, vindo de mim, isso é um baita elogio. Mas assim como o John Nash de Russel Crowe, Alan Turing também tinha um segredo para esconder de todos (nesse caso ele sabia do que se tratava). Aí é que vem a beleza de O jogo da imitação: não é só um filme de guerra e inteligência. Mesmo com a derrota dos alemães, a vida de Turing não está ganha e o filme levanta uma questão bem atemporal: a perseguição aos homossexuais.

    A evolução do roteiro e a maneira como cada segredo vai sendo revelado são executados de forma impecável. O elenco dá ainda mais brilho à trama e cativa o espectador como poucos filmes conseguem. O fato de tudo isso ter acontecido só deixa a coisa ainda mais forte. Aliás, a contribuição científica de Turing é bem maior do que a gente vê no filme, mas a sensibilidade com que a biografia dele é retratada dá muito mais equilíbrio à trama, que não fica nem tão rígida e nem tão romântica. Assim como a máquina de Turing pretendia “quebrar” a Enigma, o filme é milimetricamente calculado para “quebrar” o Oscar e arrecadar o máximo de estatuetas possíveis.

    Aqui de boas calculando quantos kg perder pra levar Oscar de Melhor Ator...

    Aqui de boas calculando quantos kg perder pra levar Oscar de Melhor Ator…

    Talvez toda essa perfeição seja o ponto fraco do filme. Não me entendam mal, eu achei a produção sensacional e no Oscar do meu <3 tá todo mundo premiado. O problema é que esse ano os outros filmes estão vindo com tudo, o que acaba ofuscando um pouco o brilhantismo de O jogo da imitação. O último filme redondinho perfeitinho que levou o Oscar principal foi O discurso do rei, em 2011, e isso só foi possível porque não tinha ninguém no páreo que realmente tirasse o nosso fôlego.

    A possibilidade de O jogo da imitação sair de mãos abanando é grande, mas nem por isso ele deixa de ser um filme interessantíssimo que vale muito assistir e refletir, ainda nos dias de hoje.

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