Feito na América | Tom Cruise encontra Narcos

    Tom Cruise em Feito na América


    Tom Cruise pode não ser o ator mais genial de Hollywood, mas se tem uma coisa que sobre nele é carisma. E é isso o que ele empresta a Feito na América (American Made), uma cinebiografia com ação e humor sobre Barry Seal, um piloto norte-americano que passou a fazer trabalhos para a CIA e acabou envolvido com tráfico internacional de drogas e armas na América Latina.

    Tom Cruise em Feito na América

    A personalidade de Seal se encaixa perfeitamente para Tom Cruise: ele é engenhoso e carismático o suficiente para carregar o personagem ao longo de quase 2h de filme sem deixar a plateia cansada. Sim, há um elenco de apoio que faz um trabalho ok, inclusive com a participação de Domhall Gleeson no papel do agente Monty Schafer, que passa as missões da CIA a Barry. Mas não estranhe se os demais personagens parecerem cenográficos: o show aqui é de Tom Cruise.

    A história real de Barry Seal possui inúmeras versões, há inclusive questionamentos se ele realmente trabalhava para a CIA e dizem que o seu estilo de vida era muito mais subversivo do que Feito na América se propõe a mostrar. O roteiro optou por uma versão mais “light” e acelerada dos eventos. Ele não chega a absolver Seal de suas escolhas, mas entrega um protagonista pelo qual você acaba torcendo.

     


    Quem assiste a série Narcos até conhece um pouco da história, só que na produção da Netflix o nome do piloto foi trocado para Ellis McPickle e o personagem parece muito mais culpado de suas ações do que no filme. A versão que Feito na América escolhe é a de um governo norte-americano muito mais culpado e conivente com os conflitos da América Central dos anos 1980, incluindo o tráfico de drogas do cartel de Medellín. Barry Seal é um mero instrumento do governo em meio à toda a operação.

    A direção de Doug Liman segura bem o ritmo da história para que ela pareça dinâmica, mas sem que o espectador se perca em meio à bola de neve de problemas na vida de Seal. A edição também ajuda a plateia a se situar na história sem ser entediada por ela. Tudo acontece de forma rápida, com algumas sequências que divertem pelo humor negro e, quando você percebe, o filme já está se encaminhando para o final.

    Tom Cruise em Feito na América

    O único problema deste tipo de edição é que deixou tudo raso demais e o final parece ter sido feito de qualquer jeito. Beleza, ninguém esperava um momento de redenção para Seal, até porque a história não permite isso, mas parece que a conclusão foi feita de qualquer jeito só porque precisavam terminar o filme.

    Outro ponto que enfraquece a trama é a falta de desenvolvimento dos personagens. Beleza, desde o começo a gente entendeu que o show era do Tom Cruise, mas nem a personalidade do protagonista foi suficientemente desenvolvida para ser convincente. Por exemplo, a cada missão que Seal recebia, desde a primeira, nós não entendemos as motivações pessoais dele e por que ele concordaria com tais trabalhos. Nem quando ele trabalha para os “mocinhos” e nem quando ele se envolve com os bandidos.

    Cena de Feito na América

    De qualquer forma, ainda é um bom entretenimento levemente acima da média de Hollywood. Em comparação a filmes com ritmo e temática semelhantes, está um pouco acima de Cães de Guerra e bem atrás de O Lobo de Wall Street. É tecnicamente bem executado e tem boa capacidade de entretenimento. Ah! E Tom Cruise com aviões, o que também ajuda.

    Nota:

    Trailer de Feito na América

    Imagens: © Universal Pictures

    Veja também: Filmes de Ação na Netflix


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