Annabelle 2: A Criação do mal | Melhor que o primeiro, mas ainda limitado

    Lulu Wilson em Annabele 2


    Quando a gente ouve que vai sair um filme que é prequel de um spin off que também é prequel o termômetro de que vai ser uma bomba até dá uma disparada. Ainda mais quando se trata de uma sequência do pífio Annabelle, um spin off da franquia de Invocação do mal, que é bem competente. Ainda assim, Annabelle 2: A Criação do mal é uma grata surpresa que conseguiu tirar o gosto amargo do primeiro.

    Lulu Wilson em Annabele 2

    A história é beeem manjada: 12 anos após a morte trágica de sua filha, o casal Mullins disponibiliza a sua grande casa para abrigar um grupo de órfãs e a freira que toma conta delas. O pai, Samuel (Anthony LaPaglia) era um fabricante de brinquedos e tinha confeccionado a boneca Annabelle pouco antes da morte de sua filha.

    Com a presença das meninas, coisas estranhas relacionadas à boneca e ao quarto de Bee, filha falecida do casal, começam a acontecer. A ação se concentra na menina Janice (Talitha Bateman), que tem dificuldade de locomoção por causa da poliomielite, e de sua amiga Linda (Lulu Wilson).

    O resto você já sabe: um monte de pistas na casa de que algo está errado, menininhas entrando em lugares que elas não deveriam, anfitriões misteriosos, uma casa no meio do nada, a maior parte dos eventos acontecendo à noite e, é claro, bonecas demoníacas. No aspecto do roteiro não há praticamente nenhuma inovação, fora um acontecimento durante o dia que nos pega de surpresa mesmo.

    Talitha Bateman em Annabelle 2

    A fórmula me lembrou um pouco a do primeiro Invocação do mal, que também tinha uma casa meio isolada com um monte de crianças morando. No que Annabelle 2 perde é no volume de personagens inúteis. No filme do casal Warren cada criança tinha uma característica e alguma função na trama, no caso das meninas do orfanato isso não acontece. O foco fica mesmo em Janice e Linda e o resto só serve pra gritar e levar susto praticamente. É como se Chiquititas tivesse focado toda a novela só na Mili e na Pata. E se tivesse uma boneca demoníaca em Chiquititas, o que seria bem legal.

    Cena de Annabelle 2

    As atuações também não são o ponto alto do filme, com exceção de Lulu Wilson, que entrega praticamente toda a empatia que nós precisamos para nos preocuparmos com ela. Talitha Bateman também tem um desempenho promissor, dentro do que a personagem permitia, mas o elenco adulto deixa a desejar. Tem ainda uma Miranda Otto extremamente subaproveitada no papel de Sra. Mullins (pra quem não lembra, a Miranda é a Eowyn de Senhor dos Anéis).

    Mas onde que o filme é bom, afinal? Na direção e na edição. Os jump scares estão lá e são, em sua maioria, bem previsíveis, mas isso não significa que não sejam bem feitos. Há algumas escolhas de enquadramento e de movimento de câmera que ajudam a elevar o suspense e valorizar a sensação de terror. Não é nada muito inovador, mas para o gênero ajuda a sair das escolhas simplistas da maioria dos filmes. Quem assistiu provavelmente se viu observando com atenção todos os elementos em cena pra ver se não tinha nenhuma pegadinha oculta.

     


    Uma pena que essa atenção não se reflete nas personagens, que repetidamente se viam em situações perigosas em que elas mesmas se colocavam sem a mínima necessidade. Sabe aquela raiva que a gente passa em filme de terror por ver a galera tomando decisões burras? Acontece bastante. Sem contar que tem muito furo de roteiro e coisas que não foram explicadas, principalmente em relação aos Mullins. Pode ser licença poética pra deixar o mistério, mas me pareceu preguiça mesmo.

    O ritmo também deve ser destacado aqui. Faz com que o espectador esteja atento desde o início, mas sem aquele apuro de dar susto o tempo inteiro e de deixar a galera sem entender direito o que as atingiu. Também não é o filme que vai se explicar demais e só deixar a ação pro final, a gente sabe desde o começo que tem algo errado ali. Só a sequência final que ficou um pouco mais extensa do que o necessário, repetitiva e, ainda assim, pareceu dar uma solução muito fácil para o problema. Eu me lembro que em Invocação do mal eu pensei em vários momentos “caramba, não tem como eles se safarem dessa”. Em Annabelle 2 isso não aconteceu e, quando a coisa realmente se revolveu, eu ainda fiquei esperando mais alguma coisa acontecer, porque parecia fácil demais pra ser verdade. Mas era.

    Cena de Annabelle 2

    Em comparação ao anterior, Annabelle 2 consegue devolver um pouco de credibilidade à franquia e cumprir o objetivo de explicar a origem da boneca, além de entregar meia dúzia de easter eggs de outros filmes que compõem o universo de Invocação do mal. De forma isolada, é um terror enlatado e repleto de clichês. Mas clichês que vão conseguir dar um medinho em quem assistir.

    Nota:

    Imagens: © 2016 Warner Bros. Entertainment Inc. and RatPac-Dune Entertainment LLC

    Trailer de Annabelle 2

    Veja também: Filmes de terror para ver na Netflix


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