A Melhor Escolha | Envolvente mas sem objetivo

    A Melhor Escolha

     

    A primeira coisa que chama atenção no filme A Melhor Escolha é o elenco: Steve Carell, Bryan Cranston e Laurence Fishburne certamente valem o ingresso. Quando você sabe que o filme tem direção e roteiro (pelo menos parte dele) de Richard Linklater nada pode dar errado, não é mesmo? Bem que eu gostaria de dizer isso.

    No filme, Doc (Steve Carell) é um veterano do Vietnã que acaba de ser informado da morte do seu filho no Iraque (o filme se passa em 2003). Por algum motivo, ele resolve reunir seus companheiros da Marinha que não via há uns 30 anos: o rebelde Sal (Bryan Cranston) e o agora pastor Mueller (Laurence Fishburne). A missão é buscar o corpo do filho de Doc e enterrá-lo em sua cidade natal.

    A Melhor Escolha

    O filme é baseado no livro de Darryl Ponicsan, que também participou da elaboração do roteiro. O livro é uma espécie de continuação de A Última Missão, levado aos cinemas em 1973 e estrelado por Jack Nicholson, mas se você não assistiu a esse filme não tem problema, A Melhor Escolha funciona sozinho.

    A interação do elenco principal é definitivamente o ponto alto da produção, principalmente no caso do Bryan Cranston. Pra entender a dinâmica, é quase como se Doc tivesse conjurado o anjinho e o diabinho como vozes de sua consciência para tomar decisões ao longo do filme e é bem assim que a coisa funciona. Por Cranston ser o “diabinho” ele é o mais espontâneo, inconsequente e aquele que, mesmo em um momento de luto, aproveita a viagem pra matar as saudades da “broderagem” dos tempos da Marinha. A dinâmica entre ele e Fishburne é o que vai te manter entretido durante boa parte do filme. O personagem de Carell é o mais tímido e introspectivo, mas pela jornada do personagem a gente até entende um pouco.

     


     

    Conforme a história avança, os três se deparam com algumas mentiras contadas pelos militares, inclusive sobre o contexto da morte do filho de Doc, e criticam as mentiras contadas pelo governo de forma geral quando o assunto é guerra. No entanto, ao mesmo tempo em que os personagens são altamente críticos deste sistema eles são carregados por um sentimento culpa por algo que fizeram no Vietnã e também de nostalgia. Tudo bem que as pessoas podem ter sentimentos conflitantes, mas não há uma voz que fala mais alto. Não há uma mensagem aqui, apenas divagações que não vão levar a lugar algum.

    O próprio segredo dividido pelos dois poderia fornecer um subplot interessante, que aprofundasse suas personalidades. Mas em vez disso ele só tira o foco da história e passa uma mensagem bem rasa que meio que justifica a mentira da Marinha sobre a morte do filho de Doc. Aliás, não fica clara a relação entre o episódio e o período que Doc passou na cadeia. A gente sabe que as coisas estão relacionadas, mas não fica claro se foi uma traição dos colegas ou se o próprio Doc se entregou pelo sentimento de culpa.

    Por se tratar de um filme do Linklater a gente meio que sabe que a coisa vai ser meio linear: sem um clímax bem definido ou reviravoltas. O estilo de contar histórias do diretor costuma ser mais contemplativo ou baseado em diálogos que pareçam banais mas que possuem grande pertinência. Aqui a gente até vê alguns elementos disso, mas chega uma hora em que os diálogos ficam repetitivos e a história se torna previsível.

    Mesmo com o tom pesado do luto, os escapes humorísticos e o carisma dos personagens te mantém envolvido com aquela história, mesmo que você não se interesse muito pelo tema. Vale pelo show de atuação do trio, mas não espere algo que irá mudar a sua vida ou a sua visão sobre guerras.

    Nota:

    Trailer de A Melhor Escolha

    Imagens: Amazon Films

    Veja também: Dramas para ver na Netflix
     


     

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