Alex Strangelove | Você já viu esse filme, só que melhor

    Alex Strangelove

    Histórias de amadurecimento associadas à descoberta da sexualidade estão em alta em Hollywood. Tivemos o oscarizável Me chame pelo seu nome e recentemente a comédia Com amor, Simon. Para se juntar ao grupo, a Netflix lançou Alex Strangelove, que tem a mesma ideia central.

    Alex Truelove (Daniel Doheny) é um adolescente popular na escola, presidente do grêmio estudantil e querido por todos. Além disso, ele possui um interesse peculiar por biologia, o que o faz se aproximar de Claire (Madeleine Weinstein), que se torna sua melhor amiga e, consequentemente, namorada. O relacionamento dos dois só não teve uma coisa até agora: sexo.


     


     

    De repente parece que toda a vida de Alex fica em torno dessa pressão, que também parte da própria Claire. Nem o fato de que ele precisa entrar pra uma faculdade logo parece tão importante quanto “perder o lacre”. Só que a coisa fica ainda mais louca pra ele quando Alex conhece Elliott (Antonio Marziale), um cara um ano mais velho, abertamente gay, que não entrou na faculdade e foi expulso de casa depois que contou aos pais sobre sua orientação sexual.

    Apesar da temática batida, o filme começa interessante e promissor, com destaque para personagens que não se encaixam tanto naqueles clichês de jogadores de futebol americanos, líderes de torcida e nerds, por exemplo. A edição também é bem interessante e divertida, com a inserção de animações que são a cara da geração Snapchat e Stories do Instagram.

     


     

    A comédia não é tão escrachada como em American Pie, por exemplo, mas tem seus bons momentos. Destaque para toda a situação gerada com o sapo alucinógeno que fez um personagem vomitar arco-íris, só não do jeito que você imagina. Aliás, o amigo de Alex, Dell (Daniel Zolghadri), é a aposta mais divertida da história.

    Só que esse frescor de piadinhas e edições divertidas perde força conforme as dúvidas de Alex evoluem. Em determinado momento parece que tentam resumir a coisa a “se o Alex não tá afim de transar ele só pode ser gay”, o que é bem preguiçoso, até pra um filme produzido pelo Ben Stiller. O próprio relacionamento de Alex e Elliott é muito mal construído e não dá pra entender muito bem se todas as dúvidas de Alex surgiram porque ele sentia algo específico por Elliott ou se qualquer cara gay que aparecesse poderia despertar isso. Não há uma construção de relacionamento como a gente viu em Me chame pelo seu nome. Elliott inclusive desaparece na trama e o espectador não ganha um real motivo para torcer pelo amor dos dois.

    Alex Strangelove

    Em contrapartida, o filme foca muito mais no relacionamento de Alex e Claire e em como o processo de “amadurecimento” dele passa por cima dos sentimentos dela – o tipo de coisa que é bem comum em filmes desse tipo. Em vez de torcer pelo Alex e pelo relacionamento dele com Elliott, a gente simpatiza muito mais com Claire e se revolta com o protagonista por fazê-la sofrer.

    O roteiro também abre alguns parênteses que ele não se dispõe a fechar, desde assuntos mais sérios até os mais triviais. Todo o lance da doença da mãe da Claire cai de paraquedas pra não ser útil em nenhum outro momento da história. Se era pra ser um artifício que justificasse a maturidade da Claire ficou fraco e gratuito. Até mesmo o lance do sapo alucinógeno eu achava que poderia ser aproveitado mais pra frente na história, mas ficou pelo meio do caminho.

    Além disso, o roteiro é meio autoindulgente na hora de verbalizar sentimentos. Parece que todo mundo está disposto a falar abertamente e de forma muito assertiva sobre os seus sentimentos, especialmente Alex quando ele expõe suas dúvidas a Dell. Tanto a forma racional como ele se expõe e a resposta do amigo são artificiais no nível das tramas de Malhação. Não colou.

    Embora funcione como comédia em alguns momentos, a parte de drama da história fica subdesenvolvida e com um desfecho tão previsível que pelo próprio trailer você pode desvendar. Ainda assim, é um filme divertidinho para assistir quando você não quiser pensar muito.

    Nota: 

     

    Trailer de Alex Strangelove

    Imagens: Netflix

     


     

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