Calibre | Suspense digno de Hitchcock na Netflix

    Calibre

     

    O que você faria se acidentalmente matasse alguém? A resposta mais óbvia nem sempre pode ser tão simples de seguir. Este é o dilema moral de Calibre, um suspense escocês que está disponível no catálogo da Netflix. O filme foi premiado no Festival de Edimburgo neste ano.

    Dois amigos de longa data decidem passar um fim de semana nas Highlands escocesas caçando. Um deles, Vaughn (Jack Lowden) está prestes a se tornar pai e não gosta muito de caçar. Mas ainda assim, ele é convencido pelo amigo Marcus (Martin McCann), que é quase uma cópia do Michael Fassbender.

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    Na primeira noite os dois se divertem na cidadezinha onde ficam hospedados. Bebem com locais, conhecem alguns moradores e Marcus, inclusive, passa a noite com uma mulher chamada Kara (Kitty Lovett). Se nós já sabemos que beber e dirigir não é uma boa ideia, imagina beber e caçar.

    No dia seguinte, os dois amigos vão para a caça com uma típica ressaca escocesa. Lógico que deu ruim e a “presa” de Vaughn não é o que ele pretendia caçar. Sim, ele matou uma pessoa. Vamos piorar? Foi uma criança. O cara acidentalmente atirou e matou uma criança. Chocado pelo ocorrido, Vaughn mal teve tempo de reagir quando o pai da criança chega, aponta pra ele, mas Marcus salva a vida de Vaughn (sim, matando o pai da criança também).
     

     

    O dilema começa aqui: Vaughn quer se entregar pelo crime, mas Marcus o lembra de que ele também está nessa. Afinal, a arma e a munição eram dele, os dois estavam de ressaca e, claro, porque Marcus também acabou matando uma pessoa. Com o argumento de que Vaughn não conseguiria ver seu filho crescer, Marcus o convence de não se entregar e tem mais: de voltar à cidadezinha com os locais e fingir que nada de estranho ocorreu.

    É importante frisar que isso tudo acontece nos primeiros 20 minutos de filme, prendendo o espectador não pela descoberta dos assassinos (isso nós já sabemos), mas criando situações em que eles poderiam ou não ser pegos no seu grande segredo. É mais ou menos isso o que Alfred Hitchcock fazia em seus filmes, como Festim Diabólico e até mesmo Psicose, que abre mão de sua suposta protagonista numa brutal cena de assassinato nos primeiros minutos do filme. Matt Palmer, que dirigiu e escreveu Calibre segue por caminho semelhante.

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    As taciturnas paisagens das Highlands escocesas contribuem com o clima melancólico e silencioso sobre o segredo dos dois. O espectador é tomado pelo terror psicológico dos personagens, sempre esperando o momento em que eles serão pegos (ou não). Isso não significa necessariamente que o público torce pelos protagonistas, muito pelo contrário. Por mais que aparentemente Marcus seja o bad boy e Vaughn uma vítima das circunstâncias, em momento algum a gente esquece que quem puxou o primeiro gatilho foi o suposto mocinho.

    Não é um filme de mocinhos e bandidos. Alguns personagens são realmente difíceis de ler e prever suas ações, especialmente os moradores da vila. Destaco aqui a atuação de Tony Curran, que interpreta Logan, um cara misterioso, carismático e com grande influência sobre os moradores locais.

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    Um dos riscos em puxar o clímax para o início do filme é não ter um desfecho que corresponda às expectativas. Embora o filme tenha muitos acontecimentos inesperados, o final não surpreende e não corresponde à expectativa criada pelo segredo dos dois.

    Elogiado pelo mestre do suspense Stephen King, Calibre é daqueles filmes de roer as unhas do início até (quase) o fim. Mesmo com o conforto da Netflix de poder pausar a qualquer momento, você provavelmente não vai querer fazer isso.

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    Nota de Calibre:

    Imagens: © Calibre Films Ltd

     


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