Confira a crítica pocket de Minari, filme indicado ao Oscar 2021:
Sobre o que é a história: com o sonho de ter um pequeno pedaço de terra e ser mais do que um separador de frangos, o ambicioso pai de família Jacob Yi (Steven Yeun) se muda com sua família da Califórnia para a área rural de Arkansas. No entanto, este novo começo é particularmente desafiador e Jacob logo descobre que começar uma fazenda é mais fácil dizer do que fazer. Sua esposa cética Monica (Yeri Han) teme estar no meio do nada por causa da crítica condição de saúde de seu filho mais novo, David (Alan Kim). Ela chama sua mãe, Soon-ja (Yuh-Jung Youn), que viaja da Coreia do Sul para ajudar a cuidar dos pequenos e desenvolve um relacionamento peculiar com o nego que ela só teve a oportunidade de conhecer agora.
Não se deixe enganar pelo clima bucólico e a impressão de que nada acontece no interior de Arkansas. Minari é o tipo de filme que cativa aos poucos e, mesmo acompanhando uma família que parece ter uma cultura tão diferente, você logo se vê simpatizando com as qualidades e defeitos de cada um deles. É um estudo de personagem riquíssimo, em que cada membro da família tem muito a contribuir com a história, que se passa em um momento muito específico da vida deles.
A dinâmica entre vó e neto é de longe a mais divertida de todas. Quem aqui nunca teve uma relação de amor e ódio com um parente, não é mesmo? É bem gratificante acompanhar a evolução da dinâmica: as diferenças geracionais e culturais entre os dois que causam as primeiras provocações, e logo evoluir para um entendimento e cuidado mútuo. Aplausos para a atuação de Yuh-Jung Youn, que está sensacional.
Outra história muito interessante é justamente a do relacionamento entre Jacob e Monica, que enxergam os meios para o bem da família de maneiras muito diferentes. Jacob acredita que seu sucesso profissional, e da fazenda, será o que irá trazer prosperidade para a família, apesar de todas as dificuldades que eles estão enfrentando para isso. Já Monica pensa no bem-estar da família agora: ela não se importa de ter um emprego modesto, desde que eles possam contar com a estrutura da cidade caso algo aconteça.
É uma visão muito sensível das dificuldades dos imigrantes e de quem foi em busca do sonho americano, mesmo que isso envolva recomeçar no meio do nada. É uma magnífica construção de roteiro que leva o espectador a se importar verdadeiramente com aquelas pessoas e a se chatear de verdade quando algo ruim acontece a elas. Esta entre as minhas produções preferidas nesta edição do Oscar.
Melhor Filme
Melhor Ator – Steven Yeun
Melhor Direção – Lee Isaac Chung
Melhor Atriz Coadjuvante – Yuh-Jung Youn
Melhor Roteiro Original
Melhor Trilha Sonora
Chances reais: assim como Bela Vingança, Minari surge como uma espécie de azarão na competição, principalmente pela barreira da língua – o filme é falado em inglês e coreano, embora isso não tenha sido problema para Parasita ano passado (ainda bem). Acho pouco provável que leve nas categorias de Filme ou Direção, mas não acharia ruim se levasse, é realmente o tipo de cinema que dá gosto de assistir. Steven Yeun tem uma participação legal no filme mas não acredito que seja páreo para Chadwick Boseman ou, quem sabe, Anthony Hopkins e sua poderosa atuação em Meu Pai. Roteiro é pouco provável, pois deve ir para Bela Vingança, o que não tira em nada o mérito desta bela história. A Trilha Sonora é algo que realmente me chamou a atenção e eu acharia ótima uma vitória aqui. Vai que os votos pro Trent Reznor (Mank e Soul) se dividem, né? Uma chance forte vai para Yuh-Jung Youn, que abocanhou o SAG e o BAFTA de Atriz Coadjuvante. Aliás, não entendi por que o filme não entrou pra categoria de Fotografia, merecia muito estar lá.
Nota: