A antecipação para o lançamento de Rogue One pode não ter sido maior do que a do episódio 7, O despertar da força, mas a repercussão positiva logo nos primeiros dias conseguiu impressionar. Em uma Hollywood apática em que roteiros são descaradamente reciclados, principalmente no segmento de aventura, super-heróis e afins, um filme de Star Wars, mas sem ser Star Wars, consegue soprar um pouco de ar fresco às telonas.
Engana-se quem acha que fãs de Star Wars adoram tudo referente à saga. A trilogia lançada ali no final da década de 1990 e começo dos anos 2000 é duramente criticada até hoje (sem tanto motivo ao meu ver, mas essa já é outra discussão). Lançar um filme para este público e que também agrade àqueles que se perdem um pouco na cronologia é quase uma missão suicida, como foi a de Rogue One. Neste caso, a missão foi bem-sucedida.
Pra quem se perde na cronologia, Rogue One se passa entre os episódios 3 e 4, ou seja, Anakin já é Darth Vader, mas ninguém descobriu o Luke ainda. Para ser mais específica: a história se passa dias antes de Uma nova esperança, o que dá todo sentido à cena final (que eu não vou dizer qual é porque sempre tem aquele que ainda não viu).
Apesar de pertencer a uma franquia consagrada e com marcas bem características, Rogue One consegue dar uma boa refrescada no universo de Star Wars. Por não pertencer à história principal alguns elementos foram deixados de lado. Por exemplo, este é o primeiro filme do universo que não conta com trilha sonora original do John Williams e também não rola aquela introdução com texto em direção às estrelas.
Mas não é por isso que a produção deixa de lado referências e algumas aparições de personagens queridos entre os fãs. Aliás, a mais importante delas é, sem dúvidas, o Darth Vader dublado por James Earl Jones, que apenas com a voz entrega uma atuação muito mais digna do que qualquer tentativa do Hayden Christensen.
A história em si consegue cativar e manter um ritmo bom. Não é a coisa mais original do mundo, mas pelo menos não é uma cópia descarada de Uma nova esperança, como foi o caso de O despertar da força. Não precisamos acompanhar treinamento de Jedi nenhum, a protagonista já sabe a que veio e a história tem início, meio, fim e a deixa para o que acontece depois. Redondinho, sem muita margem pra especulações.
Em termos de efeitos, edição de som e direção de arte, não deixa devendo em nada para os demais filmes da franquia. Achei a fotografia meio escura demais, mas vai ver esse era o objetivo em função dos “tempos escuros” sob domínio do Império. Como todo bom filme de Star Wars, tem seus alívios cômicos, concentrados no robô K-2SO (Alan Tudyk), com um humor bem mais pertinente do que o petulante Jar Jar Binks.
Pra resumir bem: não reinventa a roda no universo de Star Wars, mas também não decepciona toda uma legião de fãs. Pra melhorar, só de dessem um jeito de encaixar o Yoda. Porque todo filme de Star Wars merece ter o Yoda. Com um sabre de luz. Lutando alucinadamente. Tocando o terror nos Sith.
Nota:
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