Com amor, Van Gogh | Uma carta de amor para os fãs de arte

    Com amor, Van Gogh

     

    Imagine se as pessoas retratadas por Vincent Van Gogh em suas pinturas pudessem contar o que sabiam sobre a vida do artista. Este é o princípio de Com amor, Van Gogh, uma animação que é uma verdadeira homenagem à obra do pintor.

    Na história, Armand Roulin (Douglas Booth) é o filho do carteiro que costumava recolher e entregar as correspondências de Van Gogh. Um ano após a morte do artista, ele encontra uma carta endereçada a Theo, irmão de Van Gogh e encarrega seu filho de entregá-la ao destinatário. Em sua busca, ele acaba encontrando personagens bem conhecidos dos quadros de Van Gogh que ajudam a recontar o último ano de vida do pintor na cidade de Auvers e dar depoimentos que podem levar a uma nova versão da morte do artista, contestada por historiadores até hoje.

    A premissa é interessante e, com um ritmo melhor pontuado e mais cuidado com os flashbacks, poderia ser o ponto alto do filme. Mas o que torna Com amor, Van Gogh realmente especial é a técnica empregada na animação. Mais de 100 artistas trabalharam para transformar o filme na primeira animação feita completamente com pintura a óleo. Foram 853 quadros produzidos a mão, que resultaram em 65 mil frames no mesmo estilo adotado por Van Gogh em suas obras. Mindblowing, não?

    Ainda assim, há o trabalho de atores talentosos no elenco, como Saoirse Ronan no papel de Marguerite Gachet e Jerome Flynn no papel do médico Dr. Gachet. Antes das pinturas foi feito o trabalho de captura de movimento com os atores, que depois foram transformados em quadros a óleo. O processo é bem parecido com o utilizado por Richard Linklater em Waking Life e O Homem duplo.

     


     

    O resultado é a mais bela homenagem às obras do pintor. Quem é fã de Van Gogh ou conhece alguma coisa do seu trabalho irá se divertir identificando seus quadros compondo o cenário e seus personagens ganharem vida. Quanto ao mistério de sua morte, o filme levanta teorias mas nada muito definitivo. Ele dá mais perguntas do que respostas, o que envolve ainda mais o espectador na trama.

    O desenvolvimento do personagem principal, Armand, não é dos melhores, mas é por meio dele que descobrimos o que realmente importa: como foi o último ano de vida de Vincent Van Gogh. Os demais personagens têm menos tempo de dela, mas mesmo assim imprimem muita personalidade ao que, até então, só conhecíamos como pintura estática.

    Com amor Van Gogh

    Pra quem gosta de curiosidades ou não pegar todas as referências do filme, os créditos finais dão uma contextualização bem legal: tanto sobre a vida de cada personagem, como pela comparação do ator com o quadro do personagem. Também há informações sobre onde encontrar estes quadros. Enfim, um prato cheio para fãs.

    Mesmo com a sensibilidade em apurar o último ano da vida do artista, o grande trunfo de Com amor, Van Gogh é a sua inovadora e ambiciosa técnica de animação. Diferentemente das fórmulas fechadas de Pixar e Dreamworks, é uma lembrança de que animações não são exclusivas do público infantil e podem ter um objetivo além do comercial: fazer arte.

    Nota:

    Trailer de Com amor, Van Gogh

    Imagens: © ToMaszFILM

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