1922 | A mais introspectiva das adaptações do Stephen King

    Filme 1922


     

    O quarto filme adaptado de uma obra do Stephen King em três meses pode passar quase despercebido pela audiência. A produção 1922 da Netflix não tem a ambição dos colegas It: A Coisa e Torre Negra e nem o apelo visceral de Jogo Perigoso, mas nem por isso deve ser ignorado. O filme é dirigido pelo pouco conhecido Zak Hilditch, que também foi diretor de As horas finais.

    Baseado em um conto do autor, 1922 conta a história de Wilfred James (Thomas Jane), um fazendeiro na década de 1920 no interior dos Estados Unidos, que, contrariado pela esposa Arlette (Molly Parker), que quer vender as terras e se mudar para a cidade, decide que a solução mais plausível para o impasse é assassiná-la. Sim, assim fácil. O próprio filho do casal, Henry (Dylan Schmid) é cúmplice do crime.

    O que pode parecer uma solução absurdamente extrema, é justificado pelo contexto em que esta família vivia. Segundo o próprio Wilfred, a partir do momento em que uma mulher casava ela passava a ser “problema” do marido. Ou seja, se ela desaparecesse, ninguém tinha mais nada a ver com isso.

    Nada disso é spoiler porque a questão é resolvida nos primeiros 30 minutos do filme, o que se segue a partir daí é a relação de Wilfred com o episódio. Não é um filme de detetive e a possibilidade de ele ser pego pela polícia não é a principal ameaça do filme, que foca muito mais em um homem vivendo com a culpa do crime que ele cometeu. O assassinato não afeta apenas a vida dele. Acontecimentos com o filho levam a um efeito cascata que vai muito além da família James.

     


     

    O principal trunfo de 1922 é a atuação de Thomas Jane, que carrega todo o tom do filme com ele. O ator consegue transmitir tanto a ignorância, como a determinação e o remorso de um homem que não aparenta questionar seus atos, mas que por dentro está atormentado. Por esta razão, pouco é desenvolvido nos demais personagens, o que talvez pudesse ter deixado a trama mais interessante.

    Outro aspecto que chama a atenção na produção é a cinematografia que dá o tom bucólico que o filme exige. Os infinitos milharais, com a casa e o celeiro decadentes transmitem muito bem a ideia de isolamento crescente que o personagem enfrenta ao longo da trama.

    Cena do filme 1922

    Em termos de roteiro, prepare-se para algo absolutamente introspectivo. Como já mencionei, não há uma ameaça externa a Wilfred. O dilema recai totalmente sobre a sanidade do personagem diante de todos os eventos que se sucedem ao assassinato da esposa. Apesar de alguns elementos, não é bem um filme de terror. Está mais para drama com algumas pitadas de suspense em um ritmo que não tem intenção nenhuma de se apressar.

    Pra variar, o final é um pouco frustrante, mas isso é meio que normal nas obras do Stephen King. Não é tão ruim como o de Jogo Perigoso, mas pareceu óbvio demais e frustra o espectador que se deixou levar pelo tom de suspense.

    Não há muitos elementos memoráveis, mas também não há muitos erros aqui. Embora o filme não chegue nem perto da badalação de um It: A Coisa, também não será lembrado como um fiasco, a exemplo de A Torre Negra. Enquanto isso, King aumenta o seu arsenal de obras adaptadas.

    Nota:


     

    Trailer de 1922

    https://www.youtube.com/watch?v=q6v1mDCKgjk&t=47s

    Imagens: © Netflix


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