Para todos os garotos que já amei | Original Netflix com um pé no Disney Channel

    Para todos os garotos que já amei

     

    A Netflix segue na sua saga em tentar reviver as comédias românticas com o seu novo original Para todos os garotos que já amei. Mas a trama adolescente parece sofrer uma crise de identidade quanto ao público que pretende assistir: muito infantil para adolescentes e com temas ainda desconhecidos de crianças.

    Adaptado do livro de Jenny Han, Para todos os garotos que já amei conta a história de uma tímida adolescente de 16 anos chamada Lara Jean (Lana Condor). Por ser, tipos, muito tímida ela sempre escondeu seus sentimentos dos seus “crushes”, mas fez questão de relatá-los em cartas endereçadas, porém nunca entregues a seus cinco interesses amorosos. É quase muito fácil algo dar errado e essa correspondência acabar parando nas mãos deles não é mesmo?

    E é exatamente isso o que acontece. A irmã mais nova de Lara Jean, Kitty (Anna Catchcart) some com as cartas e elas obviamente vão parar nas mãos dos garotos. Por algum motivo o filme quis e não quis manter segredo sobre como essas cartas foram parar nas mãos dos destinatários. Embora haja uma cena bem clara de Kitty entrando sorrateiramente no armário do irmão, esse fato é tratado como uma grande revelação mais pra frente. Vai entender.

    Enfim, a treta está plantada quando o bonitão do colégio, Peter (Noah Centineo), em posse da carta, vem confrontar Lara Jean sobre o assunto. Mas a coisa fica realmente feia quando outro destinatário, Josh (Israel Broussard), aparece com a carta em mãos. Esse problema é maior por um simples motivo: Josh era namorado da irmã mais velha de Lara Jean, Margot (Janel Parrish). Em defesa de Lara Jean, ela e Josh eram amigos antes do namoro com a irmã começar. Ainda assim, não diminui o constrangimento da coisa.

     

     

    Para ajudar na história de que ela não está afim de Josh, ela e Peter fingem estar namorando. Ele também tem interesse nesta mentira, já que acabou de levar um pé na bunda da namorada Genevive (Emilija Baranac), aquela típica patricinha popular que gosta de pisar nos outros. O interesse de Peter é causa ciúmes na ex, o que, obviamente, dá certo.

    Mas e as outras três cartas, certo? Outra delas também vai parar com um colega do colégio que confessa ser gay, o que facilita a vida de Lara Jean. Uma carta é devolvida ao remetente e uma fica sem resposta, já que se tratava de um garoto que ela tinha conhecido em um projeto escolar da ONU. Todo o drama fica só em cima do falso namoro dela com o bonitão Peter e o esquisito triângulo com Josh, que não aprova aquilo.

    Para todos os garotos que ja amei

    De alguma forma filme consegue sustentar essa história por mais de 1h30 apenas apostando na busca adolescente por romance e no quase inevitável rumo para que o namoro de mentira acabe virando algo mais para Lara Jean e Peter. Se eu ganhasse um real pra cada história de romance que surgiu assim eu provavelmente poderia financiar a minha própria comédia romântica.

    O filme tinha grande potencial pra desenvolver algum tipo de dilema moral da protagonista, afinal, ela tinha uma quedinha pelo namorado da irmã e até no universo adolescente eu acho isso complicado. Infelizmente a história colocou tudo em panos quentes e facilitou a solução deste conflito em potencial. O máximo de conflito que rola aqui envolve um pouco de cyberbullying, mas até isso parece cair de paraquedas na trama e é facilmente resolvido para que o mocinho e a mocinha fiquem juntos no final.

    Para todos os garotos que ja amei

    Por se tratar de uma comédia romântica faltou comédia. Eu contei três momentos em que consegui dar risada, dois deles envolvendo o pai ginecologista de Lara Jean, o viúvo Dr. Covey (um John Corbett mostrando que a idade chegou até pro Aidan do Sex and the City). O outro momento divertido fica só pra cena no meio dos créditos e, por algum motivo, eu estou vendo sites se darem ao trabalho de explicá-la. Não vou dizer aqui do que se trata porque talvez seja o único spoiler possível deste filme.

    Com personagens que seguem uma fórmula bem clichê e uma história que vai pelo mesmo caminho, Para todos os garotos que já amei é inegavelmente fofo e confortável, mas acaba ficando bobinho até para adolescentes. Talvez seja mais adequado ao público das séries do Disney Channel, mesmo sem entender as piadas sobre ginecologia.

    Quer um exemplo melhor de comédia romântica na Netflix? Dá uma olhada na nossa crítica de O Plano Imperfeito.

    Nota de Para todos os garotos que já amei:

    Imagens: © Awesomeness Films


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