Toc Toc | Comédia obsessiva-compulsiva na Netflix

    Toc Toc

     

    Há algo na comédia espanhola Toc Toc que soa bem familiar. Recentemente a Netflix estreou em seu catálogo produções da Espanha que baseiam sua comédia em juntar um grupo de pessoas em uma mesma situação, como em O Bar e Perfectos Desconocidos. Desta vez, o grupo compartilha um transtorno que se manifesta de diferentes formas: o TOC.

    Seis desconhecidos agendam um horário com um especialista para tratar do seu transtorno-obsessivo compulsivo. O tal especialista é envolvo em mistério por conta de uma longa lista de espera e da informação de que ele só precisa de uma sessão para tratar as pessoas. Mas a comédia ganha seus tons quando uma confusão no sistema faz com que todas as suas consultas tenham sido agendadas para o mesmo horário. Para piorar, o psicólogo não está no consultório pois está voltando de Londres.

    Toc Toc

    As particularidades de cada personagem compõem a narrativa: Emilio (Paco León) é um taxista obcecado por números e contas; Federico (Oscar Martínez) sofre de Tourrette e não consegue controlar as obscenidades que fala; Blanca (Alexandra Jiménez) tem um medo absurdo do contágio de bactérias, vírus e afins; Ana María (Rossy de Palma) precisa se certificar o tempo inteiro de que está com as chaves, de que fechou as janelas, apagou as velas e por aí vai, além de um tique que a faz repetir o sinal da cruz incansáveis vezes; Otto (Adrián Lastra) tem mania por simetria e não consegue pisar em linhas; e Lili (Nuria Herrero) precisa repetir tudo o que fala.

    A interação entre os personagens e as situações absurdas que eles criam um para o outro é a principal qualidade do filme, que conta também com um elenco bem carismático. Apesar de parecerem situações absurdas, o filme tenta não ser tão caricato e nem ofensivo às pessoas que sofrem com TOC, sem menosprezar o transtorno e sem propor uma fórmula mágica para “curá-lo”.

     


     

    Os diálogos, as situações individuais e coletivas e até mesmo a edição lembram bastante um esquete sobre o tema. Esse clima de segmento cômico é reforçado pela caracterização dos personagens, esta sim, BEM caricata, com direito a perucas bem artificiais e figurinos que marquem bem os personagens.

    Não há problema em um filme de comédia ter formato de esquete, mas algo no desenvolvimento da história acaba se tornando repetitivo e um tanto previsível. Antes da metade da história já dá pra se tocar do suposto plot twist que o filme propõe no final. Há também alguns descuidos de continuidade, como por exemplo o aviso de que o banheiro feminino não estava funcionando deveria ter levado a uma consequência em determinado momento na história, o que também não ocorre.

    Toc Toc

    Diferentemente de Perfectos Desconocidos, a dinâmica não evolui para algo quase irremediável, há uma linearidade com a única evolução é o fato de que os personagens passam a se conhecer melhor e a se entenderem. As próprias histórias de background de cada um deles não explica muito mais do que nós já sabemos.

    Porém, a atuação comprometida do elenco e o fato de que mais da metade das piadas propostas funcionam fazem com que Toc Toc seja uma opção descomprometida de humor. É um daqueles filmes para assistir quando você não quiser pensar muito e nem se comprometer com uma trama muito densa. Na pior das hipóteses, você pode se identificar mais do que gostaria com um dos personagens.

    Nota de Toc Toc:

    Imagens: Netflix


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