Anos 90 | A estreia de Jonah Hill como diretor conquista pela simplicidade

    Anos 90 filme

    Anos 90 pode entrar para a recente leva de filmes de amadurecimento bem-sucedidos. Embora não tenha o glamour de títulos como Boyhood, Moonlight e Lady Bird, o longa ganha pontos justamente pela sua simplicidade e falta de pretensão.

    O filme marca a estreia do ator Jonah Hill como diretor e tudo indica que se trata de algo bem autobiográfico. A história foca em um período muito específico da vida de Stevie (Sunny Suljic), um garoto de 13 anos que busca se enturmar com um grupo de adolescentes unidos pelos palavrões e pelo skate.

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    Essa busca por pertencer a um grupo é algo tão comum e é justamente isso o que torna Anos 90 um filme tão fácil de se identificar. Você pode não ter o mesmo histórico de Stevie: o filho mais jovem de uma mãe que engravidou ainda adolescente e um irmão mais velho que bate no caçula por qualquer motivo. Mas essa procura por aceitação no grupo da galera legal é algo pelo qual quase todos nós já passamos.

    Filmado com uma Super 16, o filme tem aquela proporção quadrada de tela e uma fotografia meio granulada que ajudam a evocar os anos 1990 e encher os espectadores de nostalgia – principalmente aqueles que eram crianças e adolescentes nesta época. Com um tom quase documental, é como se Anos 90 realmente tivesse sido filmado naquela época.

    Com uma pegada mais indie do que os oscarizáveis que citamos no primeiro parágrafo, Anos 90 não é uma fábula e não tem uma grande lição de moral para transmitir ao público. Não é um daqueles filmes em que o protagonista termina a história em uma competição profissional de skate.

    Mas isso não significa que o filme não tenha algo a dizer sobre a relação de pré-adolescentes com sua família e grupos de amigos quando começam a criar as próprias asinhas. Ele mostra justamente o que acontece quando alguém busca aceitação no mundo – às vezes nos lugares errados.

    Anos 90

    Com menos de 1h30 de duração, o filme se apressa em transmitir algumas mensagens que poderiam ter sido abordadas de forma mais orgânica do que por meio de um diálogo expositivo. Dois casos em que isso ocorre é quando a mãe Dabney (Katherine Waterston) questiona o filho pela mudança de comportamento e quando um dos amigos skatistas de Stevie, Ray (Na-kel Smith), conta ao caçula do grupo todos os problemas pelos quais os demais amigos passam. É importante inserir esta visão de como a “galerinha legal” também tem seus problemas e suas inseguranças, mas teria sido mais interessante deixar Stevie perceber isso por conta própria.

    Em relação às atuações chama a atenção a falta de atores mais conhecidos, limitando apenas a Lucas Hedges e Katherine Waterston. Neste aspecto não há muitos destaques a não ser pelo próprio protagonista Sunny Suljic, que nos convence de sua natureza pura com expressões de alguém que não acredita na sua sorte por andar com aqueles garotos. O quanto disso é técnica e o quanto disso é o sentimento do próprio ator não dá pra distinguir com clareza, mas no filme funciona e vende o papel.

    Anos 90

    A simplicidade e despretensão de Anos 90 são as principais vantagens do filme, que não se propõe a nada muito maior do que um retrato muito específico de um período de transformação na vida de um garoto. Mesmo com seu berço em Hollywood, o longa tem aquela pegada independente o suficiente para não parecer mais um enlatado ou filmes com aspirações ao Oscar. Além disso, deixa a curiosidade para as próximas produções de Jonah Hill por trás das câmeras.

    Nota de Anos 90:

    Imagens: Tobin Yelland – © 2018 – A24


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