Juanita | Como desperdiçar uma ótima história

    Juanita filme netflix

    A escolha da Netflix para o Dia Internacional da Mulher este ano foi a estreia do filme Juanita, uma bela oportunidade de filme “wanderlust” desperdiçada em um roteiro apressado e uma direção desleixada.

    Juanita (Alfre Woodard) é uma mulher de meia-idade com três filhos crescidos que nunca deram muito certo na vida e se aproveitam dela como podem. Cansada desta realidade, ela decide pegar um ônibus para o mais longe possível para, segundo ela, “não começar a odiar as pessoas que ela ama”. É uma premissa forte que logo desperta o interesse de muita gente que gostaria de fazer o mesmo.

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    No entanto, a narrativa já dá suas tropeçadas logo no começo, quando há uma quebra de quarta parede para Juanita poder explicar a sua situação e verbalizar praticamente todos os sentimentos e fantasias que ela possa ter. É um recurso simplista que o diretor Clark Johnson adota para poder apressar a sua contextualização e colocar logo Juanita dentro de um ônibus. Isso prejudica o envolvimento do espectador com o personagem, mesmo com uma protagonista que tem tudo para conquistar a simpatia do público.

    Em sua jornada, Juanita conhece a caminhoneira Peaches (Ashlie Atkinson) que deixa a nossa protagonista em um café francês em uma cidadezinha do interior – o que dá um rumo para a jornada existencial de Juanita. Após bater boca com o chef Jess (Adam Beach) sobre o que é comida para café da manhã, ela acaba sendo contratada para trabalhar no local.

    Aí começam todos os clichês wanderlust: de como ela passa a se conhecer melhor, a ajudar as pessoas ao redor e a questionar se sua jornada deve continuar ou se ela deve iniciar uma nova vida ali. Paralelamente, ela percebe que a sua distância também está ajudando os filhos dela a criarem responsabilidades e serem cidadãos melhores. Uma pena que tudo isso seja feito tão superficialmente para dar vez ao novo romance de Juanita.

    Embora conte a história de uma forma bem apressada, parece que a 1h30 de filme se arrasta. Provavelmente pelas escolhas desinteressantes de roteiro em interromper a história a todo momento com as fantasias de Juanita numa tentativa meio Walter Mitty, mas que não tem propósito algum para o desenvolvimento da trama.

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    Além disso, há todo tipo de clichê, desde uma experiência espiritual, uma mulher durona que ajuda os outros a serem melhores, mas que ao mesmo tempo não quer ceder diante de um novo romance.

    Tudo no filme parece um desperdício: um bom elenco e uma história com premissa forte que se perde em um roteiro superficial e uma direção que não conseguiu aproveitar os elementos que tinha à disposição. Se você estiver numa situação meio Juanita e quiser um filme para se inspirar, recomendo Livre ou Comer, Rezar, Amar, que conseguem provocar algum tipo de reflexão, além de serem melhor executados.

    Nota de Juanita:

    Imagens: Netflix

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