Tem um gênero de cinema que, assim como a comédia, pode dar muito certo como pode dar muito errado. Parece não haver meio termo para os filmes de terror: ou ele vai te dar calafrios e noites insones ou vai ser uma perda de tempo total. Aliás, a preguiça criativa dos roteiristas que acham que terror se resume a meia dúzia de jump scares muitas vezes coloca o gênero em descrédito, como aconteceu com o excesso de slasher adolescentes e filmes com menininhas japas demoníacas, ali pelos anos 1990 e começo dos anos 2000. Felizmente, nos últimos anos têm surgido bons títulos que estão conseguindo salvar o gênero e enriquecer os filmes de terror com roteiros mais intrigantes e bem desenrolados. Separamos alguns exemplos:
O queridinho do momento aposta em uma premissa bem simples: se você fizer barulho, você morre! Lógico que isso causa um frenesi no público, que fica paranoico com qualquer ruído que os personagens façam durante o filme.
Não é todo dia nem todo ano que a gente vê filmes de terror entre os indicados a Melhor Filme do Oscar. O suspense criado por Jordan Peele nem é considerado um filme de terror por algumas pessoas, mas com todo o horror vivido pelo protagonista não tem como não pertencer ao gênero. Ah, comédia definitivamente não é o lugar deste filme.
É até complicado colocar este filme aqui sabendo que ele gerou uma franquia cheia de horror porn e subplots vazios. Maaaas precisamos admitir que o primeiro filme lá em 2004, aquele com os dois caras no banheiro, ferrou com a cabeça de muita gente.
O cinema coreano é um velho amigo do gênero de terror e este aqui conseguiu fazer uns zumbis bem assustadores: eles são ágeis, surgem do nada, estão no mesmo trem que os protagonistas e não há um manual de instruções para que você possa derrotá-los. Complicado, né?
Um clássico é um clássico e vice-versa. A nova adaptação para as telonas do livro de Stephen King não precisa de jump scares para contar uma história de terror sobre a corrupção da infância. E se a continuação for fiel ao tom do livro, tem tudo pra ser ainda mais apavorante.
Quem não resiste a uma boa história de exorcismo, né? O filme se baseia livremente em eventos reais de possessões demoníacas investigadas pelo casal Ed e Lorraine Warren. Isso quer dizer que tudo aquilo aconteceu mesmo? Não, mas não deixa de ser assustador.
Longe das possessões demoníacas, essa história aqui é muito mais palpável e próxima da realidade, sobre uma mãe percebendo que está criando o mal dentro de casa e não saber o que fazer a respeito.
Epidemias, espíritos do mal e rituais demoníacos. Apesar de ter um ritmo um pouco mais lento e pesado, mais uma vez os coreanos mostram do que são feitos os piores pesadelos.
Um trote na faculdade de medicina faz uma estudante vegana se tornar uma canibal compulsiva neste filme francês. Pode não ser a coisa mais fácil de digerir, mas as experiências estéticas não deixam de ser interessantes.
Tem gente que reclama que esse filme é parado demais, mas o terror aqui é muito mais psicológico, alimentado pelo medo de uma família que mora sozinha no meio do nada, a fotografia obscura que utiliza apenas luz natural e a grande dúvida: afinal, quem é a bruxa da floresta?
Só porque não dá bem pra definir um gênero, não torna este filme menos aterrorizante. A angústia de uma mãe que vê a sua tranquilidade e a sua casa serem invadidas por um monte de estranhos é uma das coisas mais perturbadoras que eu vi no cinema nos últimos anos.
Como uma mulher surda que mora sozinha no meio da floresta irá perceber que sua casa foi invadida? Este agravante faz com que este filme de invasão se torne ainda mais intrigante e angustiante.