A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata | Romance com toques de mistério

    A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

     

    Recentemente lançado no catálogo da Netflix, o filme A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata tem uma proposta tão confortável e familiar como qualquer prato feito com batata (ok, talvez não uma torta feita com a casca). Apesar do incomum título longo, parece um daqueles filmes que você já viu antes.

    Baseado no romance de Annie Barrows e Mary Ann Schaffer, o filme ganhou a direção de Mike Newell (que você conhece de Quatro casamentos e um funeral) e é estrelado por Lily James, que parece estar em todas (no ano passado foi Em ritmo de fuga e neste ano ela já apareceu em O destino de uma nação e em Mamma Mia 2). Desta vez ela está sem a sombra de Gary Oldman ou Meryl Streep e consegue dar seus próprios passos.

    A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

    Juliet (Lily James) é uma jovem jornalista e escritora que, embora não tenha vendido muitas cópias de seu único livro, tem um trabalho razoavelmente bem-sucedido, participando de leituras na promoção de livros de outros autores e escrevendo artigos para jornais. Ela conta com o apoio de seu editor e melhor amigo Sidney (Mathew Goode) e namora um oficial norte-americano chamado Mark (Glen Powell – que você conhece de O plano imperfeito). O ano é 1946 e a Inglaterra ainda está juntando os cacos para se reconstruir após a 2ª Guerra. Mesmo com uma vida dessas, parece que algo ainda falta na vida de Juliet enquanto escritora.

    Sua inspiração volta à tona quando ela recebe uma despretensiosa carta de Dawsey Adams (Michiel Huisman), um criador de porcos da ilha de Guernsey, que conta como uma sociedade literária fundada ajudou alguns moradores e a superarem o período em que a ilha foi ocupada pelos alemães. Intrigada, Juliet decide ir à ilha e conhecer melhor a história daqueles moradores, o que se mostra muito mais interessante do que ela ou qualquer um de nós pudesse esperar.
     

     

    Os membros da Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata são bem peculiares e carismáticos, um dos pontos altos do filme. Cada um deles tem algo a contribuir com a investigação de Juliet, que se torna obcecada por um membro ausente da Sociedade: a jovem Elizabeth que foi levada pelos alemães durante a Guerra, deixando sua filha Kit na ilha e aos cuidados de Dawsey. 

    Assim como Juliet, você também se sente envolvido naquela história e quer passar mais tempo na ilha para descobrir exatamente o que aconteceu. Aliás, a direção de arte ajuda muito a criar um clima quase fantástico para a ilha: seja pelas belas paisagens dos penhascos ou pelas casinhas tradicionais. Não é difícil se encantar por aquele lugar.

    Tudo se mantém familiar e intrigante ao mesmo tempo quando o filme se dedica à investigação histórica e à dinâmica da Sociedade. No entanto, o filme perde o fôlego quando se propõe a focar na vida pessoal de Juliet. Nem estou falando do dilema entre escrever ou não sobre a história daquelas pessoas, mas sim de todo o dilema amoroso em que ela se encontra sem muito fundamento, entre o seu recente noivado com Mark e Dawsey. Cai naquele dilema da menina da cidade que se encanta com o menino do campo. A gente já viu isso em Doce lar e em Quer casar comigo? e, sinceramente, nenhuma das histórias me convenceu.

    Seria injusto dizer que esta parcela da história acaba com a experiência de um filme que consegue cativar o espectador por mais da metade do tempo, mas com mais de 2h de duração esta parte parece arrastada e desnecessária para a história. Foi nessa hora em que eu comecei a pegar o celular e contar quanto tempo faltava para acabar o filme. Parece que o roteiro perdeu a marca.

    Mesmo sem grandes inovações e com um roteiro previsível, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata ainda vale ser assistido. Com uma impecabilidade técnica no que diz respeito a fotografia, direção de arte e figurino e um elenco engajado com a proposta, é um daqueles filmes tão confortável como um almoço de domingo, só que com um pouco menos de sal.

    Nota de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

    Imagens: Kerry Brown

     

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